top of page
Buscar

 A Dança e o Brincar 

  • Foto do escritor: IPA Brasil
    IPA Brasil
  • 23 de set. de 2019
  • 5 min de leitura

- Paula Matthews -


Danço desde os meus cinco. Dança para mim é profissão


Aprendi muitas ideias, conceitos e vivências sobre o brincar nas suas diferentes formas e contextos, abrangendo o brincar para todas as idades, todas as raças, envolvendo a inclusão social, sem preconceito, e a diversidade de espaços em que este “brincar” pode acontecer. Para me aperfeiçoar profissionalmente quero levar o brincar para minhas aulas de Dança.

Desta forma, posso agregar muito do conhecimento do brincar para minhas aulas de Dança e desde então, tenho tentado aprofundar meus conhecimentos teóricos no tema “O brincar e a Dança” e tem sido minha proposta de pesquisa para o meu Trabalho de Conclusão de Curso-TCC de Licenciatura, na faculdade de Dança também.



Uma das primeiras coisas que me chamaram atenção no curso, foi a de saber que brincar é um direito humano e é um direito da criança. E que a nossa constituição reconhece a importância do brincar na infância.

Desde 1990, o Brasil reconhece em sua constituição, o direito da criança ao descanso, lazer, brincar, às atividades recreativas e à plena participação na vida cultural e artística. No artigo 31, da constituição sobre a Convenção sobre os Direitos da Criança de 1990, disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm, destaca que os Estados promoverão o direito da criança de participar plenamente da vida cultural e artística e que encorajarão a criação com oportunidades adequadas, em condições de igualdade, para que participem da vida cultural, artística, recreativa e de lazer.

Sabemos que ainda hoje, há crianças que não tem acesso a atividades recreativas, nem ao lazer, ao brincar e nem na participação na vida cultural e artística. Pensando nisso, vejo a importância de aliar o Brincar com a Dança, principalmente, para o público infantil.


A Dança como linguagem artística, expressa por meio de movimentos, uma maneira de fazer o sujeito sentir-se, perceber-se, conhecer-se e manifestar-se, contribuindo para a ampliação das experiências pessoais e perspectiva de mundo. (ALMEIDA, 2016, p. 20)


Dessa forma, as aulas de Dança podem ter como prioridade, levar a conscientização corporal, ajudando a criança a reconhecer que tem um corpo e que pode se expressar-se com ele, ajudando-as a descobrirem as diversas possibilidades de movimento e se relacionando com o meio através de atividades lúdicas que as incentivem a criarem e a improvisarem Dança, à partir dos conteúdos abordados, incentivando a desenvolverem sua própria dança, e seus modos de ser e estar no mundo, se opondo a modelos de dança em que sugerem a repetição de passos criados por adultos, tornando corpos passivos, sem atitudes e, iniciativas, assim como Michel Foucault (1979) chamou de “corpos dóceis”.


A dança para a educação infantil necessita estimular a descoberta e não a padronização; a improvisação e não a repetição de movimentos previamente determinados. Uma dança que não aprisione o movimento, mas liberte a imaginação, a criatividade e a expressão. [...] E, por fim, que possibilite o brincar com o corpo, conhecer-se, conhecer o outro e o meio que o cerca. (ALMEIDA, 2016, p. 35).



[...] Sugerirmos danças que permitam às crianças brincarem, explorarem, improvisarem, enfim, criarem suas formas de ser e de estar no mundo a partir da orientação e do trabalho dialógico do professor. (MARQUES, 2009. Corpo e Dança na Educação Infantil. Disponível em: http://arteirinhos.blogspot.com/2009/09/corpo-e-danca-na-educacao-infantil-por.html. Acesso em 21 jun. 2019.


Dessa forma, é possível e imprescindível que a Dança seja abordada juntamente como o brincar para as crianças. Pois através das minhas experiências com crianças, percebi que por meio do lúdico, conseguimos a atenção delas e assim, elas aprendem com mais vontade e disposição.

Me aproximando da pedagogia de Paulo Freire, acredito que aliando a dança com o lúdico, posso me aproximar do universo das crianças, falando a linguagem delas, e dessa forma, facilitando a aproximação e relação aluno-professor e aluno-aluno, através da interação que o brincar propõe. Considero que dessa forma, aluno e professor possam dialogar em condições de igualdade.


A Pedagogia Libertadora proposta por Paulo Freire objetiva a transformação da prática social das classes populares. [...] Na metodologia de Paulo Freire, alunos e professores dialogam em condições de igualdade, desafiados por situações-problemas que devem compreender e solucionar. (FUSARI; FERRAZ, 1993, p.44)


Nas aulas de Dança em que ministrei esse semestre no estágio supervisionado de Dança, por exemplo, procurei colocar o lúdico nas abordagens com as crianças e obtive muito sucesso com isso, pois percebi que as crianças faziam a aula com muito mais vontade e interesse.


Quando as crianças brincam, observa-se a satisfação que elas experimentam ao participar das atividades. Sinais de alegria, risos, certa excitação são componentes desse prazer, embora a contribuição do brincar vá bem mais além de impulsos parciais. A criança consegue conjugar seu mundo de fantasia com a realidade, transitando, livremente de uma situação a outra. Há uma ação psicofísica na consecução dos objetivos: no ato de brincar, a criança propõe-se a fazer algo e procura cumprir sua proposição (GARCIA E MARQUES, 1990, p.11).


Pensando em Dança na Escola, que é o meu foco, de acordo com o referencial curricular nacional para a educação infantil (1998), é imprescindível que sejam oferecidas, à criança, atividades voltadas para as brincadeiras ou para as aprendizagens que ocorrem por meio de ações em grupo, para que ela possa exercer sua capacidade de criar.

.

[...]Há várias formas de sugerir às crianças que brinquem com seus corpos e inventem suas danças a partir de suas histórias corporais. A primeira delas é trabalhar com os próprios elementos da linguagem da dança: o espaço, o corpo, os ritmos, as ações corporais, os relacionamentos. (MARQUES, 2009. Corpo e Dança na Educação Infantil. Disponível em: http://arteirinhos.blogspot.com/2009/09/corpo-e-danca-na-educacao-infantil-por.html. Acesso em 21 jun. 2019.



Dessa forma, pretendo que nas aulas de Dança para crianças desenvolver com elas a noção de espaço, ritmo, com ações corporais, baseadas nos estudos de Laban, a consciência corporal, trazendo o lúdico, dando a oportunidade se relacionarem entre si, criarem dança individualmente e em grupo e dar a oportunidade de apreciarem dança, desenvolvendo a sociabilização entre elas, envolvendo sempre, a dança e o brincar.



Referências Bibliográficas


ALMEIDA, Fernanda de Souza. Que dança é essa? Uma proposta para a educação infantil. 3°. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2016.

BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos (ed.). Ver, fazer, contextualizar. Rio de Janeiro: Coleção Memoria da Pedagogia, 2006

CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida; LUCENA, Regina Ferreira de. Jogos e Brincadeiras: Na educação infantil. 6°. ed. Campinas-SP: Papirus, 2012.

FERNANDES, Ciane. O corpo em movimento: O sistema Laban/Bartenieff na formação e pesquisa em artes cênicas. 2°. ed. rev. São Paulo: Annablume, 2006. 408 p.

FOUCALT, Michel. CORPOS DÓCEIS E DISCIPLINADOS NAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES. [S. l.: s. n.], 2011. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2011/4342_2638.pdf. Acesso em: 22 jun. 2019.

FUSARI, Maria Felisminda; FERRAZ, Heloísa Correa. Arte: Estudo e ensino (2° grau). São Paulo: Cortez, 1993.

BERGE, Yvonne. Viver o seu corpo: Por uma pedagogia do movimento. Tradução: Estela dos Santos Abreu e Maria Eugênia de Freitas Costa. 4°. ed. rev. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

LABAN, Rudolf. Domínio do Movimento. Edição organizada por Lisa Ullmann. Summus editorial.

LIBÂNEO, José Carlos. Ensino de 2° grau-Brasil. São Paulo: Cortez, 1994.

MARQUES, Isabel A. Corpo e Dança na Educação Infantil. São Paulo: Cortez, 2009. Disponível em: http://arteirinhos.blogspot.com/2009/09/corpo-e-danca-na-educacao-infantil-por.html. Acesso em: 22 jun. 2019.

MARQUES, Isabel A. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003.

MILLER, Jussara. A escuta do corpo: Sistematização da Técnica Klauss Vianna. 3°. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2016.

NANNI, Dionísia. Dança Educação. 5°. ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

STRAZZACAPPA, Márcia. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. [S. l.]: Cadernos Cedes, 2001. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32622001000100005&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em: 22 jun. 2019.

VIANNA, Klauss. A Dança. 5°. ed. São Paulo: Summus Editorial, 2008.

https://www.ipabrasil.org. Acesso 20 jun.2019

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710.htm. Acesso: 21 jun. 2019

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf. Acesso 22.jun.2019

http://www.abrinquedoteca.com.br/pdf/44ain.pdf. Acesso 23 jun. 2019

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15548-d-c-n-educacao-basica-nova-pdf&category_slug=abril-2014-pdf&Itemid=30192. Acesso em 25 jun. 209



 
 
 

Comentários


Contate-nos:

  • Facebook - White Circle
  • Instagram - White Circle
  • YouTube - White Circle

+55 11 3255-4563  - contato@ipabrasil.org

Rua José Armando Affonseca, 103 (antiga Itambé, 341) 

Higienópolis - São Paulo, SP - 01239-001

© 2016 IPA BRASIL. Criado por Andréia Luz via WIX.

ipa brasil, rede brincar, pelo direito de brincar, artigo 31 ONU, agentes do brincar, mediadores do brincar, agentes do brincar inclusivo, International Play Association, ipa world, direito da criança, estatuto da criança e do adolescente, marilena flores, janine dodge, ipa brasil

bottom of page