- Leila Lopes -
Este artigo tem como objetivo refletir sobre a importância do brincar na educação, determinando uma relação do lúdico com o desenvolvimento da pessoa. Considero que a brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial, que associa a imitação do mundo real e o que a criança imagina. Quando brincam, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços contribuem e significam outra coisa para as crianças.
Diferente da forma em que nós, adultos, enxergamos. Ao brincar as crianças recriam e refletem os acontecimentos vivenciados por elas. As brincadeiras e o brincar livre ajudam a autoestima, contribuindo na formação de sua personalidade e suas aprendizagens, quando brincam de forma criativa, transformando seus conhecimentos prévios em conceitos gerais com os quais brincam e aprendem. O brincar para as crianças é a construção de conhecimento de tudo que está em sua volta, é a construção do mundo.
Acredito que através do brincar a criança desenvolve a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa, a empatia, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar seus desafios, medos, ansiedades e participar na construção do meio onde vive, da sociedade como um todo. O brincar na educação ajuda as crianças a construir o conhecimento, podendo ser entendido, como situações em que as crianças possam expressar diferentes sentimentos, tornando-se capaz, assim, de aceitar a existência do outro. Dessa forma elas fazem parte do contexto onde vivem, estudam.
Mas, às vezes reflito, até onde o brincar é livre, já que nas instituições escolares, tudo é cronometrado, tudo tem o seu tempo:15 minutos para o lanche, 20 minutos para brincar no parque, no tanque de areia. Mas só para pensar na brincadeira as crianças levam esses 20 minutos! Esse brincar livre, para as crianças deve ser visto pelas escolas como um modo de construção de saberes e vivências da sociedade.
O brincar pelas crianças deve ser visto, como elas lidam com a convivência, divisão, solidariedade e como elas conseguirão, quando adultas, enfrentar suas frustrações, desilusões, perdas. No 1º momento deve ser um brincar intencional, sem intervenção (acompanhar, observar, registrar) e sem a questão do controle.
Acho que o tempo de brincar para as crianças deve ser livre, para que haja o estímulo e criação de brinquedos e brincadeiras, assim desenvolvendo a imaginação e a interação com as outras crianças, bem como o saberes e construções que são estimulados com o brincar.
Segundo Francesco Tonucci:
“Os deveres não contribuem em nada com a formação das crianças, atrapalham muito e impedem o brincar. Ao contrário, a escola deveria ser uma das mais interessadas no livre brincar das crianças, porque é assim que elas vivem experiências e emoções que amanhã poderão ser aportes à vida escolar. As boas escolas que eu conheci não enfocavam nos programas ministeriais ou nos livros, mas sim na experiência de vida dos alunos.”
Já para Friedrich Froebel (criador do Jardim de Infância)
“O brincar é uma das principais formas de aprender, ensinar e apresentar o mundo. O brincar é a base do aprendizado da criança. Brincar é a fase mais importante da infância, do desenvolvimento humano, neste período por ser a auto ativa representação do exterior a representação de necessidades e impulsos internos. Brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação. Nas brincadeiras, a criança tenta compreender seu mundo ao reproduzir situações da vida.”
Infelizmente observo que as escolas só querem passar conteúdos, não levando em consideração as potencialidades de cada criança e o brincar, as brincadeiras favorecem essas descobertas: a criatividade, os sentimentos, o convívio com o outro, com o mundo. Brincar não é algo sem razão, sem propósito, brincar sempre tem uma intenção. Quando observo crianças brincando percebo como são ricos os conhecimentos que nos fazem refletir sobre as relações do cotidiano das pessoas. Pois as crianças brincando imitam suas vivencias diárias. Suas relações com os pais, amigos, professores.
Entendo que as atividades lúdicas melhoraram a socialização entre as crianças, fazendo com que vivenciem situações de colaboração, trabalho em equipe e respeito, empatia. Enquanto brinca, a criança está pensando, criando e desenvolvendo o pensamento crítico sobre o mundo.
Mas penso, que é preciso mudar o cenário das escolas, investir na formação dos professores, gestores escolares para que assim, eles respeitem a essência do brincar: e nisto o professor deve se tornar o personagem principal dessa mudança.
E isso não é na faculdade de Pedagogia que se aprende. O professor precisa ter uma formação e capacitação para entender como o brincar é essencial na vida das crianças; entender que o brincar é, de fato, uma contribuição na construção de futuros cidadãos bem resolvidos, criativos, ousados e preparados para enfrentar a realidade do contexto onde estão inseridos, tornando-se participativos na sociedade.
As brincadeiras são linguagens não verbais, com as quais as crianças expressam e passam mensagens, mostrando como elas interpretam e enxergam o mundo. E como elas vão se comportar quando adultas: alienadas ou equilibradas.
O lúdico não é a única alternativa na formação do sujeito, mais é um auxiliar indispensável e importante nos resultados deste processo, porque o lúdico favorece à criança o equilíbrio entre o que é real e o que ela imagina; assim ela se desenvolve e adquire conhecimentos de uma forma agradável.
Brincar (s/vírgula) deve fazer parte do cotidiano da criança dentro e fora da escola, porque brincar também é uma necessidade básica, assim como comer, a saúde, a habitação, a educação e ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo, social.
O brincar é uma linguagem natural da criança e é importante que esteja presente sempre na escola; brincar e estudar devem caminhar juntos, no propósito de contribuir para a formação das crianças como um todo.
Concluo que hoje, como as crianças estão entrando nas escolas cada vez mais cedo, as instituições devem analisar se não estão queimando etapas fundamentais na formação destes futuros cidadãos, esquecendo que o brincar, as brincadeiras, enriquecem e fazem parte desta formação. Crianças podem e devem aprender brincando: cabe às escolas e principalmente aos professores proporcionar isso a elas.
Bibliografia
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