- Adriana Lima Benjamim -
O objetivo deste texto é reunir pesquisas de autores que justificam a apropriação do espaço museológico pelo lúdico e apresentar reflexões sobre vivências do Museu Afro Brasil.
A cidade de São Paulo, com área de 1.522,99 km2, é a mais populosa do estado e do país com 11.638.802 habitantes. E de acordo com o estudo do Instituto Brasileiro de Museus (2011), a cidade possui 132 museus o que corresponde a 25,5% do estado. Esse número configura a maior concentração de museus do país, o que justifica a escolha do espaço museológico para o desenvolvimento deste texto.
A presença da ludicidade no processo de ensino-aprendizagem é fundamental quando se trata de criança, pois o movimento e as brincadeiras fazem parte do universo infantil (MARINHO et. al., 2012) e nesse contexto a apropriação do espaço museológico como ambiente lúdico é oportuno.
Para o visitante do museu compreender o que é apresentado é preciso que os objetos e as atividades realizadas no espaço sejam do seu interesse e entendimento (VALENTE, 1995, apud CARVALHO,2017, p. 41).
No que diz respeito ao Museu Afro Brasil, o espaço amplo é convidativo às brincadeiras de adultos e dos pequenos visitantes que não se intimidam diante dos amplos corredores e escadarias. Além disso sua localização dentro do Parque Ibirapuera, no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o aproxima do público heterogêneo e dinâmico.
A equipe do Museu conta com educadores para atender as visitas espontâneas e programadas e proporciona acesso a uma diversidade de atividades lúdicas e contextualizadas em um ambiente motivante e expressivo que convida à descoberta do local e à percepção como preconiza Silva (2013, p. 37).
Para Kramer (1998, p. 217):
As mais diversas iniciativas de educação e ação cultural precisam promover a emancipação de crianças, jovens e adultos para que possam aprender, descobrir a paixão pelo conhecimento, manter acesa a chama pelo conhecimento, o movimento em direção ao saber.
Nesse sentido, o Museu conta com projetos educativos e oferece oficinas ao longo do ano que estimulam na criança a sua formação como consumidor de cultura:
· Aos pés do baobá
Projeto de contação de histórias que acontece no último sábado de cada mês, às 11h da manhã. Os temas giram em torno de produções africanas e afro-brasileiras.
· Ateliê Aberto
Projeto que promove o contato dos frequentadores do Parque Ibirapuera com o MAB através de experimentações artísticas conduzidas pelos educadores. Acontece no segundo final de semana de cada mês.
· Brincar com Arte
Voltado ao público infanto-juvenil, o projeto é realizado nos meses de janeiro e julho para apresentar o MAB e seu acervo por meio de brincadeiras.
· Férias no Museu
Programação especial no mês de julho traz brincadeiras tradicionais congolesas para resgatar o lúdico por meio da dança, música e jogos.
· Impressões da cor
O público é convidado a participar de uma experiência artística com um carimbo em madeira e E.V.A. e brincar com o processo de impressão, com inspiração o acervo do Museu.
Acompanhando a visita de um grupo de crianças da educação infantil, houve momentos em que o barulho próprio do entusiasmo e da vivacidade delas rompeu o silêncio e suscitou reações de funcionários. Alguns pediram silêncio enquanto outros observavam tranquilamente o alvoroço que em nenhum momento ameaçava a integridade física dos objetos ali expostos.
Mas se é brincando que a criança ressignifica suas experiências e constrói seu conhecimento, o brincar no museu deve estar integrado aos projetos de educação museal e a equipe de profissionais deve estar capacitada a tornar a visitação uma experiência de descoberta, prazer e diversão, como acontece no Museu Afro Brasil. E por lembrar dos bons momentos vividos no Museu, esse novo público cresce aprendendo que bom mesmo é brincar lá dentro onde se vê, ouve e se sente o passado de um jeito diferente mas que criança entende.
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