- Maíra Cristina Foganholi -
Brincar: Ação tão natural, tão humana. O bebê nasce e logo, logo começa a brincar. A criança procura a brincadeira. A criança procura com quem brincar. Ela sabe a importância de brincar. Brincando construímos relações.
Fazemos amigos, nos desenvolvemos fisicamente, emocionalmente e intelectualmente. Aprendemos de tudo, um pouco. Aprendemos que, às vezes, ganhamos e muitas vezes, perdemos. Aprendemos que precisamos dividir. Aprendemos a controlar e sermos controlados. Aprendemos a controlar, não só a brincadeira, mas também, a ansiedade. Aprendemos que dependemos do outro e que, o outro também depende de nós. A brincadeira constrói seres humanos equilibrados e bem desenvolvidos.
Contudo, num minuto, o brincar, ação tão natural, virou objeto de atenção, estudo e discussão. No Brasil, como em muitos outros países, o brincar, ainda é visto, por muitos, como perda de tempo, mas temos trabalhado para transformar essa realidade. O trabalho sempre foi muito valorizado e há um senso comum que ainda acredita que é muito melhor que a criança esteja ocupada, e mesmo trabalhando, do que por ai, sem fazer nada. É preciso combater pensamentos assim. Brincar é um direito da criança garantido por lei.
Hoje em dia, a criança tem hora para brincar, lugar para brincar. As crianças estão sendo mais vigiadas e limitadas do que nunca. Tim Gill destaca “Nos anos 60 e 70, crianças de 8 anos tinham um nível de autonomia e liberdade que atordoaria os adolescentes de hoje”. O brincar não tem hora e nem lugar. Brincar é toda hora, em todo lugar e a qualquer hora. E, o brincar, inclusive, não é, necessariamente, seguro. A brincadeira saudável e construtiva, nem sempre é livre de riscos. As crianças gostam e procuram desafios. Elas têm direito de brincar e ser feliz.
De acordo com a pesquisadora do tema, Marilena Flores Martins, os agentes do brincar são pessoas que, com conhecimento competência, criam oportunidades para que as crianças brinquem livremente. Ele ou ela é um facilitador e animador das oportunidades lúdicas. Um profissional que deve estar preparado para apoiar e estimular atividades em um ambiente adequado para brincar. O agente do brincar deve apresentar valores como liderança, sempre tendo em mente que a criança controla a brincadeira, criatividade, organização, flexibilidade, respeito, vocação e capacidade de trabalhar ativamente e enfrentar novos desafios. Um profissional que tem se tornado cada vez mais indispensável para o resgate seguro, mas desafiador do brincar.
Deve respeitar o desenvolvimento, mas, sempre, estimular. Deve, acima de tudo, lembrar que o brincar é intrinsecamente motivado e que os adultos não precisam governar ou controlar. A criança pode controlar cada elemento de suas brincadeiras e atividades. O agente do brincar deve facilitar a felicidade.
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