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Ideias sobre o Desenvolvimento e Jogo

  • Foto do escritor: IPA Brasil
    IPA Brasil
  • 3 de set. de 2019
  • 8 min de leitura

- Andréia Maria dos Santos Martins -


Realizar um planejamento e desenvolvimento das atividades é de extrema importância antes de colocar em prática, pois poderíamos ocasionar, nas crianças, o desgaste físico perdendo o controle da situação.

O termo criança, por sua vez, mostra uma realidade psicobiologia referenciada ao indivíduo. Segundo o Dicionário, Silveira Bueno, por exemplo, criança é um ser humano de pouca idade, no mesmo dicionário, a infância está definida como um período de crescimento, no ser humano, que vai do nascimento até a puberdade.


Palangana,(2001), fez referencia, dentre outros dizeres de Vygotsky, “As funções psicológicas superiores são de origem sócio-cultural e emergem de processos psicológicos elementares, de origem biológica, através da interação da criança com membros mais, experientes da cultura”, em outras palavras, a partir de estruturas orgânicas elementares da criança, determinadas basicamente pela maturação, foram -se novas e mais complexas funções mentais, a depender da natureza das experiências sociais a que ela está exposta.


A atividade humana não separa o orgânico do social, destacando o valor da apropriação ativa que a criança faz da cultura do seu grupo.


Portanto, através da vida social, da constante comunicação que se estabelece entre crianças e adultos, ocorre a assimilação da experiência de muitas gerações e a formação do pensamento, segundo Vygotsky, no processo de desenvolvimento, a criança começa usando as mesmas formas de comportamento que outras pessoas inicialmente usaram em relação a ela, isto ocorre porque, desde os primeiros dias de vida, as atividades da criança adquire um significado próprio num sistema de comportamento social, refratadas através de seu ambiente humano, que a auxilia a atender seus objetivos, isto envolve a comunicação e estabelece uma relação entre o meio e o fins, desenvolvendo uma capacidade para a criança autorregular-se.

Palangana, (2001), ainda salienta os estudos de Vygotsky,


“A criança executa mentalmente o que originalmente era uma operação baseada em sinal, presente ao diálogo entre duas pessoas. Esta internalização da fala, assim como dos papeis de falante e de respondente, ocorre, aproximadamente, dos três aos sete anos. A partir das exigências da situação social imediata, permiti-lhe controlar seu próprio pensamento."


Não é o objeto, mas a atividade da criança com ele, seus movimentos e gestos que lhe atribui sua função de substituto adequado, similaridade perceptiva dos objetos não tem um papel considerável para a criança compreender a notação simbólica utilizada na brincadeira- experimento, mas sim que os objetos admitem o gesto apropriado para reproduzir o elemento original da história, porém o objetivo utilizado na brincadeira do faz- de – conta uma grande contribuição para a aprendizagem da linguagem escrita pela criança.

Considerar que a criança muito pequena está limitada em suas ações pela restrição situacional, desde a percepção que ela tem de uma situação não está separada da atividade motivacional e motora. Todavia, na brincadeira, os objetos perdem sua força determinadora sobre o comportamento da criança, que começa a poder agir independentemente daquilo que ela vê, pois a ação, numa situação imaginária, ensina a criança a dirigir seu comportamento não somente pela percepção imediata dos objetos ou pela situação que a afeta imediato, mas também pelo significado dessa situação. A ação da criança é regrada, então pelas ideias, pela representação, e não pelos objetos e a brincadeira fornece um estágio de transição em direção à representação, desde que um objeto pode ser um pivô da reparação entre um significado e um objeto real de atividade são “jogo” ou “brincadeira”. As definições para jogo e brincadeira variam de uma área do conhecimento.


O termo jogo é mais utilizado, referindo-se a várias modalidades de ações que a criança realiza, as quais, embora tenham em comum a ludicidade. O termo brincar em sentido amplo engloba:


• Brincar atividade universal


Encontrada nos vários grupos humanos, em diferentes períodos históricos e estágio de desenvolvimento econômico. Evidentemente as várias modalidades lúdicas não existem em todas as épocas e não permanecem imutáveis através dos tempos. Como toda atividade humana, o brincar se constitui na interação de vários fatores que marcam determinado momento histórico sendo transformado pela própria ação dos indivíduos e por suas produções cultural e tecnológica, assim os jogos e brincadeiras são transformados continuamente.


• A brincadeira e o jogo


São processos que envolvem o indivíduo e sua cultura, adquirindo especificidades de acordo com o grupo. Eles tem um significado cultural muito marcante, pois é através do brincar que a criança vai conhecer, aprender e se constituir como um ser pertencente ao grupo, ou seja, o jogo e a brincadeira são meios para a construção de sua identidade cultural, porém o jogo e a brincadeira são situações de construção de

significado, de indagação e transformação do próprio significado que envolve emoções, afetividade, e rupturas de laços que perpassa a ligação entre as pessoas.


• Um jogo ou brincadeira


É qualquer atividade que envolve mais que um indivíduo, mas sempre implica na troca, partilha, confronto e negociações.

A atividade envolvida nesta ação pode adquirir mudanças variadas, traduzindo-se na alternância de momentos harmônicos e desarmônicos. O brincar tem dupla utilidade: funciona como estratégia para construção da individualidade (o ser e o meio) e o (meio físico e a representação), como situação para compreensão e inserção do indivíduo na cultura a que pertence.


• Brincar e processos psíquicos


O jogo e a brincadeira têm importância também para o desenvolvimento de processos psíquicos relacionados tanto direta quanto indiretamente a estas atividades.

Do primeiro grupo fazem parte a imaginação, a linguagem e o pensamento: do segundo, a memória. O brincar desenvolve na criança as premissas responsáveis pela memória voluntária e da motricidade. As atividades levam também ao desenvolvimento de determinadas faculdades: cooperação, concentração menta e criatividade, porém devemos colocar em prática e dar oportunidade para a criança desenvolver cada uma por si só.


• O brincar no processo do desenvolvimento infantil


É a forma de atividade complexa, sendo assim, possui uma peculiaridade que combina ficção com a realidade, ou seja, brincando a criança trabalha com informações, dados e percepções da realidade, mas na forma de ficção. O brincar sempre inclui a experiência de quem brinca, desta forma as crianças pequenas reproduzem as ações que percebem em seu meio (dirigir um carro ou balançar uma boneca). A medida em que crescem, vão incorporando a representação que fazem da vida real, os conhecimentos adquiridos, bem como os desejos e sentimentos.


• Para que a criança brinca

Os jogos, inicialmente, eram encarados como oportunidades de descarga de energia para as crianças, atividade que se explicaria por si só, Hoje o brincar tem função essencial no processo de desenvolvimento da criança, principalmente nos primeiros anos de vida nos quais ela tem de realizar a grande tarefa de compreender e se inserir em seu grupo, constitui a função simbólica, desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o mundo físico. Desde bebê a criança dedica grande parte do tempo á exploração do mundo material no qual está inserida de forma que ela possa compreender e ser compreendido, através da relações recíprocas, ela aprende as normas do comportamento, o hábito cultural, para conhecer os objetos em seu contexto e desenvolver a linguagem e a narrativa, assim trabalha com o imaginário, os eventos e fenômeno que ocorrem a sua volta.


• A evolução do brincar



É a atividade que tem grande ocorrência na infância, devido à sua funcionalidade no processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser humano. O jogo e a brincadeira assumem características diferentes nos vários períodos de desenvolvimento, eles se estruturam em torno dos movimentos na primeira infância e do exercício dos expedientes necessários para o desenvolvimento da função simbólica. Construída a função simbólica, evidentemente, ocorre o desenvolvimento da linguagem cujo aparecimento e progresso são igualmente consequentes da ação que caracteriza os jogos antecedentes, nos quais há predomínio dos movimentos. Ao brincar as crianças se habituam a aproximar imagens a símbolos concretos conduzindo posteriormente ao conceito abstrato, porém a criança não depende necessariamente da presença de objetos para brincar, pois ela mesma desenvolve situações do faz-de-conta e escolhe o jogo, brincadeira e os amiguinhos. Partindo do olhar de Wallon “argumenta que a partir das brincadeiras e do faz de conta a criança coloca em prática a imitação e a repetição, este processo leva a memorização de sentenças complexas e potencializa a aprendizagem. A dinâmica da brincadeira Lea a criança a compreender o mundo com suas regras a través da imitação. A saber, a imitação é um processo continuo nas brincadeiras infantis e tem efeitos surpreendentes,


“Pois, inicialmente, sua compreensão é apenas uma assimilação do outro a si e de si ao outro, na qual a imitação desempenha precisamente um grande papel. (...) a imitação não é qualquer uma, é muito seletiva na criança.”



Analisando o olhar de Wallon podemos afirmar que a brincadeira é algo próprio da infância e pode ter diferentes manifestações no mundo infantil. O autor destaca ainda que a brincadeira estabelece como ferramenta eficaz o processo de memorização, socialização, articulação de ideias e espontaneidade. Nesta circunstância o jogo e brinquedo se formem e si juntam as brincadeiras infantis numa dinâmica que produz interação social e leva a criança ao desenvolvimento de habilidades.


• O movimento e sua importância


A realização de jogos e brincadeira na primeira infância envolve naturalmente o movimento, que vai dominar como componentes, pois através dele a criança se coloca no meio, inteirando-se com objetos, com as pessoas, explorando seu próprio corpo, o espaço físico e uma das funções da brincadeira é permitir a criança o exercício do movimento e estes são chamados de jogos funcionais ou exercício que vão permitir a realização de movimentos crescentemente complexos de mãos, braços, pernas, corpo e cabeça. Para Wallon, “o jogo é importante para desenvolvimento da personalidade humana e está fortemente ligado a motricidade na ação pedagógica. Assim ele acredita que jogo é uma atividade livre que potencializa o desenvolvimento, assim o classifica em: Jogos funcionais consiste na exploração do corpo através dos sentidos. Possibilita a evolução da motricidade”.

Cada indivíduo se desenvolve no seu tempo, isto é um processo pessoal que depende do envolvimento e desenvolvimento de cada um. Embora muitas vezes a prontidão e a maturação caminhem juntos, sabemos que todos indivíduos ultrapassam as fases de desenvolvimento, uns mais rápidos que outros, mas as dificuldades devem ser respeitadas e não podemos impor, sacrificar as crianças para que elas alcancem nossas vontades e objetivos. Trabalhar com criança e com adulto é necessário ter em mente estas seguintes letras: E.P.L.R.R E= Explorar ou examinar o que precisa ser feito; P= Perguntar a si mesmo, isto é para a criança ou para o adulto; L= Ler e se aperfeiçoar quanto ao desenvolvimento da criança; R= Recitar e repetir quantas vezes for necessário; R= Rever o assunto e os objetivos que se quer alcançar. Cabe relembrar que a infância é a idade do lazer por excelência, espontaneidade e o brincar, pois a ludicidade e a livre escolha são caráter de interesse da criança e não deverá ser exigida pelo adulto.



O brincar faz a criança se desenvolver de forma alegre, respeitando o tempo e o espaço delas. Fazendo com que elas superem e vivenciem as relações espaciais e temporais que favorecerão o seu próprio autoconhecimento.


Bibliografia:


BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.

BUENO. Silveira. Minidicionário da língua portuguesa. Edição para o Ens. Fundamental. –São Paulo: FTD, 2000.

FALCÃO, Gérson Marinho. Psicologia da aprendizagem. 3ª edição. São Paulo; Ática, 1986.

GONÇALVES, M.C; et.al. Aprendendo a Educação Física da Pré-Escola até a 8 série do 1ºGrau; Curitiba, Ed. Bolsa Nacional do Livro,2002.

Palangana, C; I. Desenvolvimento e Aprendizagem em Piaget e Vygotsky a Relevância do Social, São Paulo. São Paulo, ed.3,2001. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Rio de Janeiro: Andes, 1981. _____________ A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007 (Coleção Psicologia e Pedagogia).

Site:


HERRERO, Dafne. Desenvolvimento Infantil Pleno: Igualdade, Equidade e Oportunidade no Brincar.

https://www12.senado.leg.br/institucional/programas/primeira-infancia/artigos/artigos-ano-2016/desenvolvimento-infantil-pleno-igualdade-equidade-e-oportunidade-no-brincar-dafne-herrero

 
 
 

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