- Joze Suellen da Silva -
Ao refletir sobre minhas vivências nas aulas de Educação Física, e em minhas atuações como professora, percebo que o brincar livre, é inexistente, apesar de minhas vivências, e a minha atuação serem distintas. Recordo me, que nas aulas de Educação Física, na época que estudava, eram voltadas somente para tendências esportevista.
A Concepção esportivista visava a performance, levando esses conceitos para dentro das escolas, e consequentemente as aulas ficaram desvinculada de um referencial que sustentasse, passando a ser uma atividade exclusivamente prática. Onde o aluno não era incentivado a pensar, mas apenas a agir, executar movimentos. Era o movimento pelo movimento (COLETIVO DE AUTORES, 1992; MEDINA, 2004).
Nessa concepção, os alunos teriam que, somente executar um movimento perfeitamente de um determinado esporte, impedidos de criar, ou buscar outras possibilidades para determinado movimento, pois nem todos alunos têm a mesmo forma de executar um mesmo movimento, como por exemplo, executar um saque, no esporte vôlei, deixando de ser um indivíduo, autônomo, pensante e crítico, onde através de suas práticas, são impedidos de expor suas próprias opiniões, ou seja, se expressar, perante uma atividade proposta pelo professor (a), fazendo “o movimento/ pelo movimento ( COLETIVO DE AUTORES; 1992; MEDINA 2004)”.
A atuações dos Professores (as), perante as aulas de Educação Física, deveriam deixar os alunos construir seus próprios movimentos, e a partir desse movimentos que já possui, os (as) alunos (as) passassem a construir outras possibilidades, chegando à execução de um novo movimento, partindo daquele que já possui, como por exemplo, de um determinado esporte, e inserir o “Brincar” como facilitador nesse processo de ensino e aprendizagem. A partir desse brincar nós professores podemos descobrir quais movimentos nossos alunos sabem fazer, pois estão livres para se expressar da forma que quiserem, sem ficar restritos aos movimentos de um determinado esporte, ou jogo, fazendo com que ele perceba que sabe algo que é específico dele, e não só saber imitar um movimento exatamente. O brincar passa a ser um facilitador para mim nas aulas de Educação Física.
Ao iniciar um projeto de jogo e Brincadeira na escola onde trabalho, percebique minha aula não possuíam o brincar Livre, pois as aulas eram direcionadas por um adulto, eu a professora, e apesar de ser um projetos de jogos e brincadeiras, impedia meus alunos se expressar e até mesmo jogar um jogo da forma como queriam, devendo fazer exatamente como eu ensinei, e depois por ficar presa há relatório, que deveriam ser entregues dessas aulas, o Brincar acabou sendo deixado de lado. Percebo que deverei com esse curso mudar minhas atuações perante minhas aulas, e não tem forma melhor de se aprender brincando, livre e perceber que nem tudo deve ser exatamente como planejamos, e nossos alunos podem surpreender.
1.2 O Conceito de Brincar Buscando conceitos referente ao brincar, encontrei algumas definições, de acordo ao dicionário Aurélio, a brincadeira, é definido como sendo: “1. Ato ou efeito de brincar; 2. Brinquedo; 3. Entretenimento, passatempo, divertimento [....]”
Já de acordo o dicionário Saraiva Infantil de A a Z, ilustrado, define o brincar sendo: “1.divertir-se. 2. Dizer ou fazer algo que não é sério. [...]”.
Ao ver o significado do brincar no dicionário, me surgiu um questionamento, como o brincar não é sério, pois a partir dele que o indivíduo se desenvolve, aprende e vive no mundo que a cerca.
Segundo Brasil (2001, p. 22), “brincar é umas das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia”. É no brincar que a criança investiga e constrói conhecimentos sobre si e sobre o mundo.
Segundo Vigotsky,
Brincar é coisa séria, também, por que na brincadeira não há trapaça, há sinceridade engajamento voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo atenção, concentração e muitas habilidades. É brincando que a criança mergulha na vida, sentindo-a na dimensão de possibilidades. No espaço criado pelo brincar nessa aparente fantasia, acontece a expressão de uma realidade interior que pode estar bloqueada pela necessidade de ajustamento às expectativas sociais e familiares (VIGOTSKY, 1994, p. 67).
1.3 O Brincar na Educação Física Escolar O brincar deve ser um mecanismo nas aulas de Educação Física, e até em outras matérias, as crianças, e até os adolescentes, aprender melhor um determinado conteúdo, sendo aplicado em forma de brincadeira. Como reafirma Borba (2006) [...] o brincar é sugerido em muitas propostas e práticas pedagógicas com crianças e adolescentes como um pretexto ou instrumento para o ensino de conteúdos [...]. Então por que não usar o brincar em nossas aulas.? Talvez por temos que cumprir datas de relatório e semanários, tudo que devem compor nosso trabalho de professor, esquecemos de usar algo simples, como o brincar em nossas aulas, impedindo que nossos alunos brinquem, até falamos “ para de brincar estou falando de um assunto sério agora”, “ preste atenção na aula”, quem disse que o aluno não estão aprendendo, só porque brincou?
Devemos mudar nossas visões, não somente pensar, mas agir de forma correta, até eu que sou a favor de crianças brincarem, já cometi muitos erros, usamos essas mesmas frases acima. As escolas devem promover este brincar, pois o brincar e aprender andam juntas, assim que descobrimos, sobre o mundo, aprendemos coisas novas, estamos em constante aprendizado. Assim como reafirma Borba,
...a escola, como espaço de encontro das crianças e dos adolescentes com seus pares e adultos e com o mundo que os cerca, assume o papel fundamental de garantir em seus espaços o direito de brincar. Além disso, ao situarmos nossas observações no contexto da contemporaneidade, veremos que esse papel cresce em importância na medida em que a infância vem sendo marcada pela diminuição dos espaços públicos de brincadeira, pela falta de tempo para o lazer, pelo isolamento, sendo a escola muitas vezes o principal universo de construção e socialização. (2006, p.42)
Imagina para uma criança ter que estar na escola, e ter de aprender muitos conteúdos, e nem saber o porquê tem que aprender, então devemos inserir o brincar, como facilitador desse aprendizado sem carregar - lós de conteúdos, e até mesmo e dizer, agora não é hora de brincar.
O brincar não precisa se restringir ao intervalo, ao pátio, ou a quadra, pode, e deve ser inserida nas salas de aulas, onde passam grande parte do tempo. Assim como explica Borba,
“É importante demarcar que o eixo principal em torno do qual o brincar deve ser incorporado em nossas práticas é o seu significado como experiência de cultura. Isso exige que a garantia de tempos e espaços para que as próprias crianças e os adolescentes criem e desenvolvam suas brincadeiras, não apenas em locais e horários destinados pela escola a essas atividades (como os pátios e parques para recreação), mas também nos espaços das salas de aula, por meio da invenção de diferentes formas de brincar com os conhecimentos (2006, p.44)”.
Enfim, tenho outra visão depois de fazer este curso, minha atuação já mudou perante minhas aulas, irei promover e facilitar o brincar, seja dentro, ou fora da escola. Termino este trabalho com a seguinte frase: “Brincar é viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer em viver”. M.M. Machado
Vamos fazer nossas criança a ter prazer de viver, ser livre, criar e aprender.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BORBA, Ângela M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: BRASIL, MEC/SEB Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade/ organização Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Rangel, Aricélia Ribeiro do Nascimento – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação infantil (LDBEN), n. 9.394, de 20 dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, Diário Oficial, 23 dez. 1996, p. 27833.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 2001, vol. 1-2.
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1002.
Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, 1910 – 1989
Miniaurélio Século XXI Escolar: O minidicionário da língua portuguesa/ Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; Coordenação de edição, Margarida dos Anjos, Marina Baird Ferreira; lexicografia, Margarida dos Anjos...[et al.].4 ed.rev.ampliada. – Rio de janeiro: nova Fronteira,2001.
MACHADO, M. M. O brinquedo-sucata e a criança. Edições Loyola, 2003
Saraiva Infantil de A a Z: dicionário da língua portuguesa ilustrado/[ gerente. Editorial Rogério Carlos Gstalo de Oliveira; ilustrado Fernando Gonsales] – São Paulo: saraiva, 2006.
VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
Leia mais: https://www.revistaacademicaonline.com/products/o-brincar-e-coisa-seria-na-educacao-inclusiva/
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