- Raquel Budow -
A Organização Mundial de Saúde passou a adotar o termo envelhecimento ativo no fim dos anos 90. Se quisermos que o envelhecimento seja uma experiência positiva, uma vida mais longa deve ser acompanhada de oportunidades contínuas de saúde, participação e segurança.
O envelhecimento ativo é o aumento da expectativa de uma vida saudável, com qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, aí pensando também nas mais frágeis, as fisicamente incapacitadas e as que requerem cuidados.
É uma política pública e é aplicada tanto para indivíduos quanto para grupos populacionais.
A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros, comunidades e países.
QUEM É O IDOSO?
Antes de falar das brincadeiras, que é nosso foco, vamos fazer um retrato rápido do idoso, ou seja, aquela pessoa com 60 anos ou mais. O número de idosos está aumentando no mundo todo nos últimos anos. São as transformações sociodemográficas. Os idosos brasileiros com mais de 60 anos superaram os 30 milhões em 2017, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada pelo IBGE, e a tendência é que o envelhecimento da população acelere de forma que, em 2031, o número de velhinhos será maior que o de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos no país.
Para fazer a comparação: em 2017, a população com 60 anos ou mais somou mais de 30 milhões. Um ano antes, eram mais de 29 milhões e, em 2012, acima de 25 milhões - ou seja, em 5 anos, o país ganhou quase 20% a mais de idosos.
Indo mais longe. Em 2025 esse número chegará a 34 milhões, colocando o país na sexta posição entre as nações com maior população de idosos.
INTERAÇÃO - ESTÁ NA HORA DE OLHAR PARA A QUESTÃO DO IDOSO
Uma observação bem interessante é que o segmento da população de idosos com mais de 80 anos também está crescendo. Os idosos estão envelhecendo mais.
Outro ponto a ser ressaltado é que o envelhecimento pode ser visto como uma questão de gênero. Considerando a população idosa como um todo, observa-se que 55% dela são formados por mulheres.
Mais uma constatação que dá pra fazer é que as principais causas de morte entre a população idosa, incluindo homens e mulheres, estão intimamente ligadas às doenças crônicas que afetam os idosos em todo o mundo. São elas:
• Doenças cardiovasculares (tais como doença coronariana) • Hipertensão • Derrame • Diabete • Câncer • Doença pulmonar obstrutiva crônica • Doenças músculo-esqueléticas (como artrite e osteoporose) • Doenças mentais (principalmente demência e depressão) • Cegueira e diminuição da visão
LEGISLAÇÃO
Para se alcançar a tão sonhada qualidade de vida, no Brasil, para garantir os direitos dos idosos foi criado o Estatuto do Idoso. O Estatuto do Idoso entrou em prática a partir de outubro de 2003. Ficou seis anos tramitando no Congresso. Ele é o projeto de lei nº 3.561 de 1997 e de autoria do então deputado federal Paulo Paim e foi fruto da organização e mobilização de aposentados, pensionistas e idosos vinculados à Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), resultado de grande conquista para a população idosa e sociedade em geral.
O estatuto institui penas severas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos da terceira idade. Vamos destacar o Capítulo V – Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer. Dentro dele, dois artigos que falam sobre lazer, o mais perto que chegamos do brincar.
Artigo 20 – O idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade.
Artigo 23 – A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais.
FORMAS DE BRINCAR
Além de proporcionar momentos bons, agradáveis e de descontração, podem as brincadeiras com idosos também ser utilizadas para trabalhar os estímulos da área psicológica, física e mental. Integração social, coordenação motora e capacidade de raciocínio são alguns pontos-chave que podem ser observados por intermédio de uma recreação adequado a este segmento. As atividades ainda podem ajudar a diagnosticar possíveis problemas de saúde de diferentes origens e auxiliar em muitos tipos de tratamentos.
I - Brincadeiras com idosos – Foco na integração social
O convívio social é muito importante para que o idoso não se sinta sozinho e muitas vezes deprimido. A dinâmica do gelo consiste em estimular a integração social, a capacidade de ouvir, prestar atenção, reter informação e aprender a controlar a ansiedade.
1. Após formar um círculo com os participantes, entregue algum objeto que possa determinar a vez de quem irá jogar.
2. Quem estiver com o objeto deverá dizer seu nome e uma curiosidade a seu respeito.
3. Após a participação de todos, inicia-se a segunda rodada que exigirá um pouco mais de concentração.
4. Dessa vez, quem passar o objeto deverá dizer o nome da pessoa escolhida e o que ela falou na primeira rodada. Em caso de dificuldade, a sugestão é que os demais participantes ajudem na tarefa.
II - Brincadeiras com idosos – Melhoria da coordenação motora
Existem muitas dinâmicas e brincadeiras simples que podem estimular a prática de exercícios físicos para melhorar a coordenação motora dos idosos. As recomendações são materiais que todos conhecem: massinhas de modelar, trabalhos artesanais, atividades relacionadas à dança, esportes, ou seja, toda e qualquer atividade que proporcione a movimentação corporal. O importante é fazer com que as atividades sejam sempre feitas em grupo, buscando estimular o contato com outras pessoas. Além de ajudar na coordenação também é uma forma agradável de descontração, promovendo o trabalho em equipe.
III -Brincadeiras com idosos - Exercícios para a mente
Os jogos voltados para o exercício mental são muito importantes. Especialmente para prevenção contra a perda de memória e diminuição da capacidade de entendimento, algumas vezes se tornando grandes desafios de lógica e raciocínio.
Dentre os exemplos mais comuns estão: xadrez, bingo, jogos de cartas, jogos de memória e palavras cruzadas.
Esses jogos envolvem raciocínio e estratégias e, por isso, oferecem muitos benefícios como a melhora da concentração, maior agilidade para tomar decisões e renovação da memória, entre outros. Realizar um jogo de memória em que os idosos devem falar o maior número de palavras que iniciam com uma determinada letra.
Se um participante tiver mais dificuldade, pode receber algum tipo de ajuda do grupo.
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