- SARA SANTIAGO DA COSTA SILVA -
Minha perspectiva sobre o papel do educador no brincar, é para que cada vez mais se criem conceitos, ideias, em que se possam construir, explorar e estimular o brincar livre dentro e também fora das escolas. E que o brincar não seja visto apenas como uma forma de aprendizado, diversão ou desenvolvimento como um todo, mas acima de tudo como um direito da criança.
Este artigo tem como objetivo falar da importância da mediação do educador frente a questão do brincar. Para chegar há algumas conclusões, foram levantadas as seguintes questões:
Qual a importância da brincadeira para as crianças?
As crianças aprendem a brincar no decorrer da infância?
Ou esse aprendizado é nato?
Qual o papel do educador, neste aprendizado, e a importância da mediação?
Minha maior vivencia e referência sobre o brincar vem da minha infância, tive uma infância muito divertida e alegre, as minhas maiores experiências e lembranças são das brincadeiras tradicionais. Sempre na rua de casa, me reunia com os irmãos e amigos para brincar, nós mesmos organizávamos nossas brincadeiras, decidíamos as regras e a forma como queríamos brincar, não me lembro de ter pessoas adultas mediando as brincadeiras, o brincar era livre.
Referente a pedagogia, não vivenciei tempo suficiente a prática do brincar na educação infantil, porém, como estagiária o tempo que permaneci e convivi nas escolas, pude perceber que o brincar é mais direcionado ou dirigido, do que livre, talvez pelo pouco tempo que passei em sala de aula, não tenha conseguido vivenciar o suficiente para ter um ponto de vista mais assertivo sobre o brincar livre nas escolas.
Em muitas partes do mundo, brincar é visto como “perda de tempo”, gasto em atividade sem importância ou improdutiva sem valor peculiar. Os pais, cuidadores e gestores públicos normalmente dão maior prioridade aos estudos ou ao trabalho com fins econômicos, enquanto brincar é frequentemente visto como barulhento, sujo, perturbador e impertinente. Além disso, os adultos, muitas vezes não têm a confiança, habilidade ou conhecimento para que possam apoiar o brincar das crianças e interagir com elas de uma forma lúdica.
Tanto o direito das crianças de participar de brincadeiras e recreação, quanto sua importância fundamental para o seu bem-estar, saúde e desenvolvimento, são mal compreendidos e desvalorizados. Quando reconhecidos são valorizados habitualmente, o brincar fisicamente ativo e os jogos competitivos, mais do que os jogos de faz de conta e imaginativos. Devemos enfatizar que é particularmente necessário um maior reconhecimento das formas e locais para brincar e recreação, preferidas pelas crianças.
A criança é vista como uma cidadã com direito, logo o brinquedo e a brincadeira são direitos da criança, do ponto de vista da concepção dos direitos atuais. A brincadeira é inserida na vida do ser humano mesmo quando ainda é apenas um bebê. Pois ainda pequena possui a curiosidade, a vontade de descobrir as coisas e aprender.
Segundo KISHIMOTO (2008, p. 01) a criança não nasce sabendo brincar, ela precisa aprender, através da interação com outras crianças e a mediação do adulto. Através da brincadeira a criança também aprende a cultura na qual está inserida, quando a mesma dispõe de materiais para esse aprendizado, somente com a mediação do adulto. Por isso as condições de brincadeiras são fundamentais para o desenvolvimento e menos cerceamento das crianças em formação. A questão da decisão é importante e muito, entretanto, é necessário que haja efetivamente possibilidades de escolhas.
Algumas brincadeiras também ensinam a respeitar regras, a partilhar, a ganhar e a perder, o que será importante para o amadurecimento do indivíduo e quando esse for um adulto, será uma pessoa mais flexível, terá liderança, saberá lidar com as diversidades, e ter brincando desde pequeno o ajudará em todas as áreas de conhecimento, pois aprende a pensar e a usar esta forma de pensamento para descobrir o seu mundo.
Brincar é uma importante forma de promover o diálogo, é por meio desta prática que a criança pode imitar o seu cotidiano, num mundo faz de conta. A prática do brincar possibilita o processo de aprendizagem da criança, pois permite a construção da reflexão, da autonomia e da criatividade, a socialização entre os indivíduos, permitindo desta forma, uma interação próxima entre o brincar e aprendizagem. Devemos compreender a importância do lúdico para o desenvolvimento integral da criança, além de compreender a importância das atividades lúdicas no processo ensino-aprendizagem, bem como despertar uma visão mais aguçada dos educadores sobre a importância do brincar na educação das crianças.
Para isso, os pais, educadores e sociedade em geral devem compreender a importância da ludicidade que deve ser vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem agradável não sendo somente entretenimento, mas sim, uma prática de aprendizagem.
O educador deve estimular a criança despertando o interesse e a atenção da mesma, permitindo que a criança tenha um brincar livre, que seja espontânea. Através da brincadeira a criança se apodera do mundo de forma simples, alegre e descontraída, permitindo que a mesma interaja e se comunique com outras pessoas.
Deste modo, a criança estará resolvendo confrontos e possibilidades de conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender opiniões diferentes, e também de demonstrar sua opinião em relação aos outros, a si própria e ao mundo, os momentos do brincar são mais que oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento, é um direito da criança.
Conclusão
Neste artigo foi possível constatar a importância da mediação do educador quanto ao brincar, e como esse processo é importante para o desenvolvimento da criança, e como refletira em sua vida até a fase adulta. E não somente o ambiente escolar pode proporcionar esse aprendizado, mas também a família e a sociedade também podem influenciar e estimular esses momentos que são muito importantes na vida da criança. Vimos no transcorrer deste artigo que o brincar vai muito além da brincadeira, mas deve ser visto como uma atividade que traz muitos benefícios para o desenvolvimento da criança de forma integral, permitindo que a criança, através da ludicidade, estabeleça com os jogos as brincadeiras uma relação natural e consiga extravasar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades.
É por meio da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro, socializa, divide, ganha, perde, emociona-se, enfim, a criança experimenta vários sentimentos. Além do entretenimento, o brincar, a brincadeira e o jogo, permitem que a criança desenvolva a memória, a atenção, a lateralidade, percepção, linguagem, a criatividade e também habilidades que o ajudarão se desenvolver no dia a dia.
Referências
KISHIMOTO, T. M. “Jogo, brinquedo, brincadeira e educação”. São Paulo: Cortez, 2008.
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