top of page
Buscar

Visita mediada - Brincar no Museu

  • Foto do escritor: IPA Brasil
    IPA Brasil
  • 26 de ago. de 2019
  • 4 min de leitura

-Nádia Silvia Lima -

No curso ministrado pela IPA Brasil, em parceria com a Escola Técnica Parque da

Juventude, os alunos são incentivados a visitar museus, com objetivo simples: brincar. É considerado experiência enquanto hora complementar e elemento agregador à

formação.


Os Museus são espaços referências de cultural e refletores de identidades

sociais, diante da memória e da história preservada. A história dos museus no Brasil é densa e passou por transformações ao longo dos séculos, digna de muita leitura e

reflexão, que está estreitamente vinculada as relações sociais, econômicas, políticas e

culturais. O que interessa no momento é a relação destes espaços com os visitantes hoje em dia, que gerou uma dúvida instigada pela formação enquanto agente do brincar.

A complexidade dos museus e suas temáticas, mesclada com a simplicidade do

brincar e sua prática, incitou dúvidas: seria o brincar uma ferramenta de mediação

cultural? Seria a brincadeira uma aplicação metodológica, quando construída

livremente, para desenvolvimento de educação não formal?

Pois o brincar é leve, simples e tem um potencial enriquecedor, mas pensar o brincar no contexto dos museus e como tornar estes espaços mais leves, prazerosos para

diferentes públicos e com potencial que pode enriquecer o processo educativo.


O que é mediação cultural?

O entendimento de cultura que Cristiane Batista Santana (2011) discorre é tido

como um sistema de produção e de significados compartilhados ou negociados entre indivíduos, atrelados ao contexto que se insere e as relações de poder que permeiam a vida social.


Assim, idealizei uma visita no museu Espaço Memória Carandiru, pensando minha experiência e assumi o papel de mediadora.

Fui convidada, enquanto voluntária do Espaço Memória Carandiru, para receber a turma da qual faço parte com um grandioso desafio: proporcionar um ambiente para o brincar no equipamento cultural. Levei em consideração a missão da instituição e a temática que se propõe, portanto uma visita que pudesse refletir sobre as vivências no presídio e sobre o olhar legitimo de quem ali viveu. Também recolhi materiais não estruturados ou que não tinham mais a função pelas quais foram produzidos, ou seja que possivelmente iriam para o lixo, para proporcionar um ambiente do brincar onde os elementos recolhidos pudessem contribuir, mas que não fosse determinante. Usando elementos presentes na exposição, o objetivo era proporcionar o brincar livre a partir de um novo olhar sobre as pessoas que moraram no Carandiru.

Optei por realizar a leitura de depoimentos do próprio Claudinho valorizando suas experiências e me colocando como porta voz. Foi confeccionado também um material de apoio a proposta educativa: com retalhos de papel mata borrão, trazendo uma simbologia presente no acervo, com desenho de um olho justamente sugerindo um novo olhar sobre essa história e memória. Para mim, a visita começou muito antes do encontro com o grupo e se deu muito mais como uma relação de trabalho do que como uma visita para brincar, carregando toda a responsabilidade que o educador assume quando representa uma instituição e também contribuí com a construção da relação entre visitante e espaço. Particularmente, amo! Me questionei muito sobre um brincar livre e as contradições que poderiam suscitar diante de uma proposta de atividade, a preocupação era não realizar uma visita onde o brincar fosse caracterizado como recreação.

Propor a busca por um novo olhar, para além da memória construída ou da visão estigmatizada pela história e assim, possibilitar um ambiente onde as pessoas pudessem ser e agir livremente, discutindo um contexto de aprisionamento e ao mesmo tempo de resistência.

Não brinquei, mas tive a oportunidade de experimentar o papel de um educador agente do brincar que propõe um olhar; sobre o acervo, a exposição e a memória; e possibilita um ambiente que instigue o brincar. E, pensando a respeito um pouco depois da visita, não brincar com o grupo foi fundamental para que, minha experiência e a postura assumida enquanto educadora, não interferisse no processo livre do brincar no encontro, mas ainda sim contribuindo com o caminho que os levou ao brincar. Tive medo de intervir e isso interviu no fechamento do encontro, mas a professora Priscila Leonel sugeriu e realizou um fechamento que significou ainda mais o encontro. Me vi ocupando um lugar de observador, alguém que realizou um intermédio entre exposição e a história, caminhando pelas linhas da memória, pelo conhecimento do grupo sobre o Carandiru e sobre o brincar, que os levou para um contexto de brincadeira.



Já havia realizado a mesma visita com a turma do semestre anterior e as brincadeiras foram totalmente diferentes, foi muito curioso perceber isso. E pensar como em um ambiente de aprisionamento e repressãofoi possível resistir sendo prático, criativo e simples.

Escrevendo sobre essa experiência, me vi, enquanto uma mediadora agente do brincar:

resistindo, diante de uma construção histórica que observa muito as questões negativas e desumanas, buscando enfatizar um outro olhar; criando, a partir da realidade do espaço físico e dos materiais disponíveis e coletados; sendo simples e me disponibilizando abertamente para contribuição coletivamente que enriqueceu o encontro.


Sendo assim o brincar, para o agente do brincar e para o visitante, assume forma de uma ferramenta de mediação cultural, uma vez que possibilita o contato com a cultura, com o outro e com sigo mesmo, importante processo para (re)construção da identidade e para formação humano do ser. Diante do papel social dos museus, o brincar pode se caracterizar como uma aplicação metodológica no processo de ensino-aprendizage.




O resultado desta aplicação necessita de pesquisas mais aprofundadas e constante avaliação sobre a prática. Sendo assim fica o convite: vamos brincar no museu?

 
 
 

Comments


Contate-nos:

  • Facebook - White Circle
  • Instagram - White Circle
  • YouTube - White Circle

+55 11 3255-4563  - contato@ipabrasil.org

Rua José Armando Affonseca, 103 (antiga Itambé, 341) 

Higienópolis - São Paulo, SP - 01239-001

© 2016 IPA BRASIL. Criado por Andréia Luz via WIX.

ipa brasil, rede brincar, pelo direito de brincar, artigo 31 ONU, agentes do brincar, mediadores do brincar, agentes do brincar inclusivo, International Play Association, ipa world, direito da criança, estatuto da criança e do adolescente, marilena flores, janine dodge, ipa brasil

bottom of page